ATA DA SEXTA REUNIÃO ORDINÁRIA DA QUARTA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 25.01.1996.

 

Aos vinte e cinco dias do mês de janeiro do ano de mil novecentos e noventa e seis, reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e quarenta e cinco minutos foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Artur Zanella, Dilamar Machado, Geraldo de Matos Filho, Isaac Ainhorn, João Dib, João Verle, Luiz Braz, Luiz Negrinho, Maria do Rosário, Mário Fraga, Reginaldo Pujol, Titulares, e Darci Campani, Jocelin Azambuja, Não-Titulares. Constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Quinta Reunião Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. João Dib, 02 Pedidos de Informações nºs 08 e 09/96 (Processos nºs 137 e 158/96); pelo Ver. Mário Fraga, 04 Pedidos de Providências; pelo Ver. Reginaldo Pujol, 13 Pedidos de Providências. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 32 e 33/96, do Senhor Prefeito Municipal, 001/96, do Presidente da Câmara Municipal de Mata/RS, 001/96, do Presidente da Câmara Municipal de Cerro Largo/RS, 003/96, do Presidente da Câmara Municipal de São Francisco de Assis/RS, 004/96, da Deputada Estadual Maria Augusta Feldman, 008/96, do Ver. Jairo José Renner, da Câmara Municipal de Sapiranga/RS, 009/96, do Presidente da Câmara Municipal de Portão/RS, 013/96, da Diretoria do Montepio dos Funcionários do Município de Porto Alegre, 020/96, do Presidente da Federação das Associações e Círculos de Pais e Mestres do Estado, 087/96, do Senhor Edemar Morel Tutikian, da Casa Civil do Estado, 122/96, da Secretária de Estado da Educação, 171/96, do Secretário Municipal de Obras e Viação; Telegramas: dos Deputados Estaduais Valdir Heck, Alexandre Postal e Gleno Scherer; Fax, do Diretor-Presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica. Na oportunidade, o Senhor Presidente apregoou o recebimento do Ofício nº 112/96, do Chefe de Gabinete do Senhor Governador, informando acerca de viagem que o Governo do Estado realizará, a partir de nove de fevereiro, à Republica de Cuba, para colher subsídios sobre o que é feito por aquele País, no que se refere às áreas de Saúde e Seguridade Social. Também, apregoou Ofício s/nº, da Vera. Clênia Maranhão, manifestando seu interesse em integrar a comitiva que viajará a Cuba, sem ônus para esta Casa. Em continuidade, o Senhor Presidente designou a Vera. Clênia Maranhão para representar esta Casa, integrando a comitiva do Governo do Estado que visitará a República de Cuba. Na ocasião, o Senhor Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella acerca da designação de Vereadores para representar esta Casa. Em Questão de Ordem, o Ver. Mário Fraga demonstrou interesse em acompanhar a comitiva a Cuba, com ou sem ônus para esta Casa. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. João Dib discorreu sobre a política salarial do Executivo Municipal para os seus funcionários ativos e inativos. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação, foi aprovada a Indicação nº 143/95, após ser discutida pelos Vereadores Reginaldo Pujol e Artur Zanella. A seguir, o Senhor Presidente determinou o encaminhamento à Diretoria Legislativa, para avaliação, de Questão de Ordem do Ver. Artur Zanella, questionando acerca das faltas dos titulares da Comissão Representativa. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Artur Zanella discorreu sobre a situação administrativa do Departamento Municipal de Água e Esgotos, criticando, também, a pintura na Cidade de árvores com tinta do tipo PVA. O Ver. Dilamar Machado discorreu sobre a necessidade de reestruturação do centro da Cidade, propugnando pelo reaproveitamento da zona portuária da Cidade e por um reestudo da situação dos ônibus na Avenida Senador Salgado Filho. O Ver. João Dib, reportando-se ao pronunciamento do Ver. Dilamar Machado, comentou a situação da Avenida Senador Salgado Filho, discorrendo, também, sobre a aquisição de prédio pelo Executivo Municipal na Rua dos Andradas. O Ver. Reginaldo Pujol comentou a distribuição de água potável pelo Departamento Municipal de Água e Esgotos, reportando-se à situação da rede de escoamento de águas das chuvas da Cidade. Às onze horas e vinte e sete minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Isaac Ainhorn, Mário Fraga e Dilamar Machado e secretariados pelos Vereadores Geraldo de Matos Filho e Luiz Negrinho. Do que eu Geraldo de Matos Filho, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Dando início aos trabalhos, a Mesa apregoa ofício recebido do Chefe de Gabinete de S. Exa., o Governador do Estado, bem como ofício da Vera. Clênia Maranhão. (Lê os ofícios).

 

“OF/GG/CG/Nº 112/96.                     Porto Alegre, 23 de janeiro de 1996.

Senhor Presidente:

De ordem do Senhor Governador, informo que o Governo do Estado realizará, a partir de 9 de fevereiro vindouro, uma viagem de estudos à República de Cuba, para colher subsídios, notadamente, sobre o que é feito, por aquele País, no que se refere às áreas de Saúde e de Seguridade Social.

Por este motivo, solicito de Vossa Excelência o obséquio de indicar represente desse Legislativo para acompanhar a comitiva governamental.

Aguardo seu pronunciamento e renovo o testemunho de consideração e apreço.

(a) Eládio do Brasil Jr. - Chefe de Gabinete do Governador”

 

“Porto Alegre, 24 de janeiro de 1996.

Senhor Presidente:

Venho, através deste, manifestar meu interesse em integrar a comitiva do Governo do Estado, que realizará, no período de 09 a 14 de fevereiro próximo vindouro, viagem de estudos à República de Cuba, representando esta Casa e na condição de Presidente da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, tendo em vista que uma das finalidades da viagem é colher subsídios nas áreas de Saúde e Seguridade Social.

Atenciosamente,

(a) Clênia Maranhão, - Vereadora

E.T.: Esclareço que o meu afastamento se dará sem ônus para este Legislativo. 24.01.96.”

 

Nos termos da prerrogativa que me confere o artigo 218, parágrafo 4º, do Regimento, designo a Vera. Clênia Maranhão para representar esta Casa, integrando a comitiva do Governo do Estado, sem ônus para este Legislativo.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu, felizmente, não pretendo ir a Cuba – gostaria de ir e, se fosse, iria sem ônus. Eu, por diversas vezes, me manifestei sobre essa forma de indicação, que é a pior possível. Uma pessoa se escala – não é o caso da Vera. Clênia -, quer dizer, quando os outros Vereadores tomam conhecimento do assunto já existe uma indicação, um ofício. Eu estou tomando conhecimento desse ofício neste exato momento. Não sei como é que a Vera. Clênia consegue descobrir, no Governo do Estado, ofícios desse teor, tanto é que se apresenta antes. Acho que V. Exa. tem que abrir para os Vereadores que estiverem interessados – imagino que o Sr. Governador não tenha limitado o número de Vereadores – para que se inscrevam, sem ônus ou com ônus se quiserem tentar, e sejam credenciados também por essa Mesa para acompanharem. Acho que assim fica mais democrático. O Ver. Jocelin, por exemplo, é um grande entendido em seguridade social e imagino que gostaria de ir a Cuba, caso soubesse do assunto.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa agradece a Questão de Ordem, pede ordem ao Ver. Dilamar Machado e esclarece o seguinte: estamos no período de recesso parlamentar, em regime de Comissão Representativa. Este Vereador, no uso das prerrogativas que lhe são conferidas pelo Regimento Interno, recebido esse Requerimento, contatou com a Presidente da Comissão de Saúde da Casa, que manifestou interesse. Feito isso, informou que iria sem ônus. Em razão disto, a Presidência designou a Vera. Clênia Maranhão para representar a Casa nesta Comitiva, em se tratando apenas de solicitação de um representante pelo teor do ofício. Conseqüentemente, o que a Mesa, democraticamente, está fazendo, é apregoar e comunicar o fato à Comissão Representativa da Casa. A Mesa registra a observação do Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, eu quero a Ata da reunião da Mesa; quem estava presente na reunião da Mesa, que decidiu isso.

 

O SR. PRESIDENTE: Eu informo a V. Exa. que esse assunto não foi levado à Mesa e a deliberação, consoante o Regimento, é uma prerrogativa do Presidente, não é da Mesa. Eu, em momento algum, disse que era da Mesa e, sim, desta Presidência. Se usei a expressão “da Mesa”, foi com o sentido de usar uma prerrogativa de Presidente para designar a Presidente da Comissão de Saúde para essa viagem, sem nenhum ônus para o erário público municipal.

 

O SR. MÁRIO FRAGA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, gostaria de manifestar o meu interesse em ir nessa viagem, com ônus ou sem ônus para este Vereador.

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa registra o interesse de V. Exa. e vai consultar da possibilidade de irem dois representantes. Se for com ônus, consoante com a prática que tem sido feita, a Mesa terá que submeter à Comissão Representativa, como tem acontecido sempre que há ônus. A Mesa fará uma consulta ao gabinete de S. Exa., o Governador do Estado, indagando se há possibilidade de irem dois Vereadores.

Feita essa apregoação e essa deliberação, nós passamos aos demais assuntos. Liderança com o PPB. O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia de ontem, nós tínhamos a “comemorar” entre aspas – o “Dia do Aposentado”. O aposentado, neste País, nada tem a comemorar, especialmente o aposentado da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Aí, ele é, sempre, desprezado pela Administração.

Vejam, V. Exas., que, em novembro de 1985, o Engenheiro aposentado João Antônio Dib comprava, com seus proventos da Prefeitura, mais de 20 mil passagens de ônibus. Hoje, o coitado do aposentado João Antônio Dib mal consegue comprar 5 mil passagens de ônibus. Vejam V. Exas. que o aposentado não tem que comemorar coisa nenhuma.

Mas, pior do que isto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são os que estão em atividade: estão tão malpagos que provavelmente não se aposentem, morram antes de fome.

Se for pelo atendimento de saúde está perdido mesmo. Então, a preocupação maior não é com o aposentado, porque ele já venceu uma etapa, massacrado, espezinhado, e pisoteado pelo Prefeito desta Cidade que contraria a Lei Orgânica e a Constituição, que diz que os aposentados ganham todas as vantagens dadas aos em atividade.

Não sei se os que hoje estão em atividade se aposentarão, porque o regime de fome, de pressão, de tomada de dinheiro de dentro do bolso dos municipários está todo o dia presente.

Esse Prefeito ou hoje pela manhã ouvia dizendo que grande coisa é cumprir a Lei Orgânica, e aí me aborreço, fico brabo, me enfureço, porque acho que lei, tem que ser cumprida. Até vou dar um bilhete, na inauguração, às 11h, dizendo que ele não cumpriu uma das leis mais importantes desta Cidade, que é o Plano Diretor. Mas vou dar o bilhetinho em mãos para ele saber que não cumpriu a lei. E o aposentado estava atento, sabendo que ele não cumpriu a lei mais uma vez.

Mas, ele dizia, hoje pela manhã, que a Câmara quer institucionalizar o Orçamento Participativo, pois ele engrandece a Câmara, ele está previsto na Lei Orgânica. Mas, antes dele eu tinha falado, e dizia, pois sabia da posição dele, pois li no “Correio do Povo”, já que ele diz que está na Lei Orgânica, se está lá tem que ser cumprido, e não está muito claro que tem que ser como ele quer. Mas, o art. 47 é preciso, insofismável, indiscutível e, desonestamente, não é cumprido. Diz: “é assegurado aos servidores municipais da administração direta e indireta o atendimento gratuito de seus filhos de 0 a 6 anos em creches ou pré-escolas, na forma da lei”.

Ora, que moral tem o Prefeito para falar em Lei Orgânica, que está escrito lá o Orçamento Participativo, quando ele não atende esta lei? Quando não atende o art. 34 da Lei Orgânica, que diz que não se dá mais para os que ganham mais se não se mexer em todo o conjunto? Está escrito com todas as letras, e claro. Mas que moral tem ele para relacionar o Orçamento Participativo com a Câmara, que diz que o Orçamento engrandece a Câmara? Não! É preciso ter mais respeito com a Câmara! É preciso ter um pouco mais de respeito com o servidor municipal e com os Vereadores desta Casa! Ele fala em clientelismo como se os Vereadores estivessem aqui para fazer clientelismo e não para resolver os problemas da Cidade; não para lhe dar os meios, através de legislação, para que esta Cidade funcione.

Mas quando os Vereadores lhe dão a taxa de iluminação, com 17 votos, e o dobro da inflação para o IPTU, eles ainda têm muito dinheiro para publicidade para mostrar que tudo isto não é nada. Assusta-me ver pessoas cultas e inteligentes dizendo que o IPTU foi pouco. Pode até ser pouco, mas foi o dobro da inflação, e a Bancada do PT não me respondeu por que o valor venal dos imóveis aumentou em 15% e o Imposto conseguiu chegar a mais 30%. Essa é uma resposta que espero da Bancada do PT, senão, terei que fazer um Pedido de Informação, como fiz para saber como se fazem as obras do nº 680, da Rua dos Andradas. Talvez dê romance! Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2487/95 – INDICAÇÃO Nº 143/95, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que sugere ao Senhor Governador do Estado que, através da Secretaria de Saúde e Meio Ambiente e do Grupo Hospitalar Conceição, seja celebrado convênio para implantação de serviços médicos de emergência no Módulo Comunitário da Restinga.

 

Parecer

- da 4ª Comissão Representativa. Relator Ver. Clovis Ilgenfritz.

 

O SR. DARCI CAMPANI (Questão de Ordem): Eu achei estranho, ontem, quando vi no “espelho” o Parecer do Ver. Clovis Ilgenfritz sem dizer se era favorável ou não. Creio eu que seja favorável. Eu queria que a Mesa me esclarecesse.

 

O SR. PRESIDENTE: Para esclarecer o Ver. Darci Campani: o Ver. Clovis Ilgenfritz, seu companheiro de Bancada, não deu um Parecer conclusivo, por isso a Assessoria não colocou. Em discussão. Com a palavra, o Ver. Reginaldo Pujol para discutir a Indicação nº 143/95.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, no dia 06 de dezembro de 95, quando protocolei na Casa essa Indicação, eu não podia imaginar que agora, no mês de janeiro, essa Indicação tivesse a atualidade e a importância que está tendo. A Casa não desconhece, especialmente o Ver. Artur Zanella, que esteve tratando deste assunto, que no início do mês de janeiro os serviços médicos de emergência que há anos estão instalados na Vila Restinga e que são realizados pelo Hospital Parque Belém, estiveram e estão sob a ameaça de ter interrompido o seu horário noturno por toda uma série de razões que já foram amplamente discutidas aqui na Casa. Inclusive com a mobilização comunitária, com a realização de reuniões e com a intervenção das autoridades da área da saúde, tanto do Estado quanto do Município, que conseguiram, paliativamente, que a decisão do Hospital Parque Belém de encerrar o serviço de emergência médica noturno na Restinga no dia 17 do corrente fosse adiada por 30 dias, permanecendo o risco e ameaça sobre a comunidade da Restinga sobre este assunto. Até parece que eu tinha premonição quando propunha esta Indicação.

Se venho à tribuna justificar, Sr. Presidente, é especialmente em função da circunstância de que o Parecer do eminente Ver. Clovis Ilgenfritz, após reconhecer o mérito da Indicação, conclui propondo que a mesma “fosse encaminhada à consulta para a Secretaria Municipal de Saúde e ao Grupo Hospitalar Conceição para opinarem a respeito da indicação do nobre Ver. Reginaldo Pujol”. Ora, Sr. Presidente, em nenhum momento da nossa Indicação nos referimos à Secretaria Municipal de Saúde, até porque o módulo comunitário da Restinga vem sendo operado em condições bastante precárias pela Secretaria de Saúde e Meio Ambiente do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e se pretendêssemos que a Secretaria de Saúde do Município interviesse nesse processo, nós não faríamos uma Indicação, faríamos um Pedido de Providência. Muito mais direto no assunto, Sr. Presidente, sabendo que as dificuldades hoje são da Secretaria de Saúde do Meio Ambiente, nós fizemos a proposição ao Governo do Estado em termos de Indicação. Se nós pretendêssemos fazer consultas prévias a todos aqueles segmentos da administração, objeto das nossas propostas legislativas, nós estaríamos diminuindo mais ainda a nossa capacidade legislativa, especialmente porque, no caso, se nós formos perguntar ao Grupo Hospitalar Conceição se ele quer assumir o módulo da Restinga como está, ele vai dizer claramente que não quer, porque é mais um encargo que ele tem que assumir e, dentro de uma estratégia de administração, é lógico que ele pretende manter, com a sua estrutura atual, as limitações do atendimento à área que ele já vem atendendo. Vejam bem que o Grupo Hospitalar Conceição mantém a emergência médica da Zona Norte de Porto Alegre e da área metropolitana com o Hospital Cristo Redentor e que, certamente, o deslocamento de uma equipe para a Vila Restinga seria ônus pesado, complicador a mais na administração do Grupo que nós queremos enfrentar.

O que nós pretendemos é que a Restinga tenha um serviço de uma entidade que recebe, do Governo Federal, o apoio absoluto na medida em que mantém o pagamento de seus servidores, o que permitiria que todos nós tivéssemos a expectativa concreta de que na Restinga houvesse um serviço médico de emergência à altura das necessidades daquele bairro que não tem um hospital, que, há muito, sonha em ter um hospital, que, há muito, discute essa possibilidade sem que ela se realize.

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib se inscreveu e cede seu tempo. Com a concordância do Ver. Artur Zanella ele tem mais cinco minutos para discutir.

Ver. Artur Zanella, V. Exa. concorda?

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, evidentemente eu concordo. Só pediria a V. Exa., já que sou um admirador do Ver. Pujol como orador, se isso não é encaminhamento, se for não pode ter tempo cedido por outro.

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Artur Zanella, a fl. 04 da folha-rosto diz: “Discussão Geral e Votação”. Eu estou me guiando por aqui.

Ver. Reginaldo Pujol, cinco minutos com V. Exa.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço ao Ver. João Antônio Dib, porque eu preciso situar outros aspectos do Parecer que teve aprovação dessa indicação pela Casa e que isso possa criar falsas expectativas na população local. Ora, Sr. Presidente, a população local da Restinga, nesse particular, não tem como ter falsas expectativas, ela tem uma enorme frustração de que essa expectativa, o anseio da melhoria dos serviços médicos na área deixa de ser uma expectativa falsa para ser uma expectativa que se alongou no tempo, faz anos que se aguarda uma melhoria naqueles serviços e, evidentemente, que os instrumentos atuais que vêm sendo utilizados têm-se mostrado ao longo do tempo precários, deficientes. Tão forte é essa posição que até mesmo os precários serviços do Hospital Parque Belém, quando anunciado que seriam interrompidos na área noturna criaram um clima de calamidade dentro da Vila diante da perplexidade dos moradores daquele conjunto que fica 24 km do centro da Cidade, na possibilidade de não terem, durante a noite, nenhuma alternativa de atendimento de emergência médica. Então, Sr. Presidente, nós não estamos, nem estará esta Casa, criando falsas expectativas, mas provavelmente até estejamos criando uma nova esperança para a comunidade que já está desesperançada, frustada, entristecida, absolutamente envolvida num processo de desgaste emocional, diante da eterna discussão que se realiza em torno dessa atividade crucial para os moradores do bairro, como de resto seria para toda a cidade. Aliás, Sr. Presidente, não podemos desconhecer dois fatos: existe uma calamidade na saúde pública brasileira, e que essa entidade que estamos tentando cooptar o Governo do Estado para que chame para a Vila Restinga um dos raros casos de atendimento médico razoável, pode-se dizer, excelente, que a comunidade de Porto Alegre do Rio Grande do Sul vem encontrando. Todos sabemos que as razões dessa eficiência se devem ao tipo de estrutura mantidos pelo Grupo Hospitalar Conceição – que já tem vários grupos fora do seu eixo central de atendimento, e mais este, obviamente, localizado na Zona Norte e Zona Leste da Cidade. E, agora, na emergência das emergências, é que se buscaria para que eles fossem também à Vila Restinga dar o seu quinhão de contribuição para retomar a tranqüilidade dos moradores do bairro e reassegurar um clima de razoável atendimento médico aos moradores daquele populoso Bairro de Porto Alegre.

Então, é esse o sentido, e não o de criar falsas expectativas, tanto isso é verdadeiro que, com todas as discussões que ocorreram nos últimos dias a respeito do bairro, em nenhum momento vimos à tribuna falar sobre esse fato, porque estávamos esperando que houvesse uma deliberação desta Casa, uma decisão desta Câmara, e que esta aí, então, poderia ser por nós acompanhada – nas várias estâncias que vai tramitar – buscando nesse emergência das emergências, repito, que ela possa ser acolhida na sensibilidade do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, e no compromisso social que o Grupo Hospitalar Conceição tem para com a comunidade de Porto Alegre. Isso decorre da circunstância deles serem apoiados pelo Governo Federal que lhes assegura, pelo menos no que diz respeito à parte do pessoal, o seu funcionamento pleno, com a garantia do pagamento da sua folha de servidores. Concluindo, quero apelar à Casa, em que pese o relatório do eminente Ver. Clovis Ilgenfritz que, aliás, contraria frontalmente o Regimento da Casa e deveria até ser desconsiderado pela Casa, na medida em que não tem opinião conclusiva, em que pese esse apelo protelatório contido no mesmo, a matéria seja aprovada para que possa começar a produzir os seus efeitos, que outros não são se não uma busca emergencial de uma solução para um problema crucial que vive uma enorme comunidade instalada na Zona Sul de Porto Alegre, que é a comunidade da Restinga. Era isso, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella está com a palavra, para discutir.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu, evidentemente, vou votar favorável ao Requerimento do Ver. Reginaldo Pujol. Eu também estranhei que não tinha vindo junto com o Processo o Parecer do Ver. Clovis Ilgenfritz, que nem presente está. Acho que todo o tipo de pressão é bom para que se resolvam aqueles problemas de saúde da Restinga.

Eu tenho uma participação antiga nesse assunto, em 1978 ou 1979 nós contatamos com todos os hospitais de Porto Alegre para ver qual o hospital que se propunha a atender a população da Restinga. O único hospital que concordou em participar desse trabalho foi o Hospital Parque Belém e que é fruto de toda essa confusão em que está mergulhado o Sistema Único de Saúde do País, que está com dificuldades, agora, para manter a emergência.

E já disse, taxativamente, se não forem alterados os critérios de pagamento ao Parque Belém fecha no dia 15 de fevereiro. Ele alega que está recebendo menos. Eu ouvi os representantes das Secretarias do Estado e do Município dizerem que eles estavam recebendo a mais e que por isso foram diminuídos esses recursos.

Eu tenho outra participação, Sr. Presidente, e é bom que sempre se coloque aqui que foi junto com o Hospital Ipiranga que também se propôs a instalar naquela comunidade um posto avançado do Hospital Ipiranga, comprou um prédio de mil quinhentos e oitenta metros de área útil e mais uma residência acima, que teve da Prefeitura, na época, a orientação de comprar outros prédios ao lado daquele que havia. Para ter espaço para poder aprovar e regular o seu prédio, comprou mais duas casas e comprou mais um prédio. Então ele comprou um prédio grande na esquina, dois prédios menores e um terreno, quando ocorreu uma catástrofe, em termos de atendimento da Restinga, que foi a suspeita de que está sendo hoje objeto de inquérito da Polícia Federal de superfaturamento do Hospital Ipiranga que resultou no bloqueio de seus créditos e de uma série de coisas, culminando com a sua venda à ULBRA, que, assumindo o Hospital Ipiranga, também assumiu aqueles dois prédios. O Boletim Informativo da ULBRA, em pequenos tópicos, diz que instalará, naquele local, um posto avançado, não se sabe quando. Estamos, inclusive, ajudando aquela Universidade a regularizar aqueles prédios.

Há uma Lei nesta Casa para regularizar aqueles prédios. Há uma Emenda de minha autoria, proveniente de um acordo com o PT, aprovada para regularizar aqueles prédios. Seja o Hospital Parque Belém, a ULBRA, o Conceição, o Grupo PATER, que é um outro Grupo que nunca falei aqui, que levei para lá, para ver se eles poderão ir para aquele local. Alguém tem que resolver esse problema. Nesse caso, essa indicação do Ver. Reginaldo Pujol é mais uma fonte de pressão. Já estive diversas vezes no Conceição, tratando desse assunto com o antigo Diretor que era o Dr. Cebenello que me disse que eles querem a Zona Norte, mas é preciso pressão política e não há nada melhor do que a aprovação de um Requerimento aprovado por esta Casa, para que o Governo Federal, junto ao Governo do Estado e do Município que faz a administração do SUS, para que também o Hospital Conceição que atua na Zona Norte, passe a atuar na Zona Sul.

Não vejo aqui nenhum representante do PMDB, mas lembrado pelo Ver. Dilamar Machado está previsto também um atendimento médico num módulo já construído pelo Governo anterior, no Governo Collares, na Avenida do Trabalhador, que está sendo utilizado, como outros equipamentos de Porto Alegre, pela Brigada Militar. Aquilo é previsto para atendimento médico e ele está aberto. E os outros da Lomba do Pinheiro estão fechados e sendo depredados. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE (Dilamar Machado): Não havendo mais oradores inscritos para discussão, colocamos a matéria em votação. Em votação. (Pausa). Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa). APROVADA a Indicação nº 143/95.

 

O SR. DARCI CAMPANI (Questão de Ordem): Nós estamos votando a Indicação ou o Parecer?

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. Darci Campani, obviamente que o Regimento Interno indica se o Parecer deve ser favorável ou contrário. O Parecer do Ver. Clovis Ilgenfritz é que seja encaminhada a consulta para a Secretaria Municipal da Saúde e ao Grupo Hospitalar Conceição opinarem a respeito da indicação do nobre Ver. Reginaldo Pujol. É um Parecer meramente indicatório. O que se vota é a Indicação.

Está consignada em Ata a aprovação unânime da Indicação.

 

O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Questão de Ordem com a Vera. Maria do Rosário.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Antes de passarmos ao Período de Comunicações, gostaria de dizer que existe um Requerimento de autoria desta Vereadora e assinado por outros Vereadores da Bancada.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. tem razão. Requerimento, de autoria da Vera. Maria do Rosário, solicitando seja feita uma Moção de Apoio à Reforma Agrária.

À Mesa é facultado, quando entende, a qualquer momento, durante a Ordem do Dia, fazer a verificação de quórum. Nessa linha nós vamos, agora com mais tranqüilidade, depois do exame e da chamada nominal, verificar porque nesse ínterim poderão mais Vereadores adentrarem ao Plenário da Casa.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de Ordem): Se não houver quórum para votação, como não houve no dia de ontem, essa matéria deveria ou não entrar na Ordem do Dia como primeira matéria? Ou no caso de não haver quórum hoje, na próxima Sessão entrará como primeira matéria?

 

O SR. PRESIDENTE: Ela obedecerá o roteiro normal dos trabalhos da Ordem do Dia, ou seja, no caso as indicações têm prioridade sobre os requerimentos. No entanto, a Mesa esclarece a V. Exa. que se no ingresso da Ordem do Dia V. Exa. formular um requerimento para que seja votada prioritariamente a sua matéria objeto de requerimento, isso, com a anuência do Plenário, poderá ser feito.

 

O SR. DARCI CAMPANI (Questão de Ordem): Só gostaria de registrar que temos um Vereador a mais que os presentes na última votação.

 

O SR. PRESIDENTE: Nós agradecemos o registro do Vereador e solicitamos a verificação de quórum. Questão de Ordem com o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, diversos Vereadores desta Casa que fazem parte da Comissão Representativa abandonam algumas vantagens que outros que não estão na Comissão Representativa estão usufruindo. O que ocorre com o Vereador da Comissão Representativa que nunca aparece? Ele tem sua remuneração descontada? Por exemplo, o que ocorre como é o caso do Ver. Antonio Hohlfeldt que foi para o Chile?

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa se sente suficientemente esclarecida. A matéria tem pertinência legal. O entendimento pessoal deste Presidente é no sentido da aplicação do desconto quando ultrapassar as três faltas sem justificativa. No entanto, a Mesa determina o encaminhamento da Questão de Ordem questionando o assunto, recolhendo através do apanhado das notas taquigráficas para uma avaliação da questão por parte das repercussões legais formuladas por V. Exa. através de uma manifestação formal e oficial da Diretoria Legislativa desta Casa.

A Mesa esclarece que há 6 Vereadores titulares no Plenário, portanto, não há quórum para votação do Requerimento.

Passamos então ao período das

 

COMUNICAÇÕES

 

O Ver. Artur Zanella está com a palavra.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Tenho um imenso constrangimento, às vezes, em fazer críticas às pessoas que admiro, que sou amigo, e parece que tenho uma espécie de marcação. É o caso do Diretor-Geral do DMLU, o Dr. Caron, e do próprio Prefeito Municipal da Cidade, Dr. Tarso Genro. O Ver. Dib falava em desrespeito do Sr. Prefeito com esta Casa e eu queria ajudar nesse debate porque há poucos dias eu encaminhei um Pedido de Informações sobre uma dispensa de licitação do DMLU. Ver. João Dib, o DMLU dispensou de licitação a assinatura da Editora MDS. O valor da assinatura é de R$ 4.360,00. Fundamentação legal: art. 25, inc. II c.c. art. 3, inc. III. Fiz um Pedido de Informações, perguntando que licitação é essa. Imagino, como constam os artigos, que devia ser uma lei. Pergunto qual é a revista, o que significa editora MDS, qual o endereço, o que publica. A assinatura mensal é R$ 363,33. Vem a resposta: (lê). “Em atenção ao Pedido de Informações 189/95 do Ver. Artur Zanella, anexo cópias xerográficas com as informações fornecidas pelo DMLU”. Aí vem a resposta, Ver. João Dib, assinada pelo Sr. Paulo Roberto da Cruz, que era Vereador suplente desta Casa, de apelido “Chumbinho”, que foi Presidente do Sindicato e Interventor na Sopal. A resposta não vem datilografada: vem escrita à mão. Na referida publicação, constam, efetivamente, dois equívocos, a saber: o nome correto da contratada é Editora NDJ – errou o nome da Editora -, esqueceu da lei; e, depois, aparece um terceiro erro – fala em “treis” publicações, tem que avisar a ele que são “três” -: o boletim de direito Municipal, boletim de direito administrativo, boletim de licitações e contratos. E depois: “Para melhor e necessária compreensão, anexamos cópia do referido processo”. Não diz que vai corrigir a licitação, não diz nada. Pergunto, Ver. João Dib: quantas licitações há desse jeito? Um dia comecei a examinar, tem de tudo. Tem até uma dispensa de R$ 56.000,00, de compra de serviços de torno.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). Nobre Ver. Artur Zanella, pode ter absoluta convicção de que o entendimento da LOM e da legislação municipal, à qual está submetido o Município, há de melhorar muito mais, pois S. Exa. o Prefeito Tarso Fernando nomeou, para tristeza minha, ou em minha homenagem, até não sei. O Sr. Rogério Favretto, seu assessor jurídico, não sabe nada da Lei Orgânica.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Veja, Ver. Dib, agora o segundo desrespeito. Eu encaminhei Pedido de Informações no dia 6 de dezembro, com fotografias, Ver. João Dib, Ver. Dilamar, Ver. Campani, que foi Diretor do DMLU, com pintura numa das principais avenidas de Porto Alegre, a Avenida Lucas de Oliveira. Quem desce a Avenida Lucas de Oliveira vê um muro de arrimo de mais de 1,5 metros de altura pintado com as cores do Grêmio Porto-Alegrense, logo depois da derrota do Grêmio. Como a justificativa da primeira, Ver. Dilamar, é que era o trajeto e que o Grêmio tinha ganho, eu perguntei por que pintaram aquele muro se não era trajeto? – o Grêmio não ia descer pela Lucas de Oliveira. Perguntei também em que data, quem autorizou, quem forneceu a tinta e quando serão trocadas. Resposta no dia 15 de janeiro, um mês e dez dias depois. O Sr. Prefeito Municipal responde o seguinte: em que data e quem pintou “desconhecemos”. Ele não descobriu quem é que pintou o muro de proteção de mais de 1,5 metros de altura numa das principais avenidas de Porto Alegre. Perguntei se existia alguma ordem escrita; inexiste; em segundo lugar, por que o local foi pintado com as cores do Grêmio se não era trajeto? “não sabemos”, foi a resposta; em terceiro, quem forneceu as tintas e qual a quantidade? da mesma forma. Quem determinou e autorizou a pintura? No DMLU, ninguém. Quando serão trocadas as cores do muro? Há um processo licitatório em andamento para aquisição de tinta amarela ainda não concluído; logo após a compra será executada a pintura.

Agora, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, mandei um terceiro pedido de informação. Pode ser que um dia eu descubra isso. Quem é que está pintando as árvores de Porto Alegre com tinta PVA, que é nociva às árvores? Foi pintado por funcionários da Prefeitura, na frente do IBAMA, ali na Cascatinha. Deu uma confusão, não deixaram pintar mais. Ao todo, foram pintadas umas oito árvores, aquela coisa toda, e também me informam que não sabem. Eu vejo, todos os dias, quando passo por ali, árvores pintadas. Por muito menos do que isso, uma pintura numa palmeira de 60 anos, o Ver. Giovani Gregol foi punido pela Justiça Eleitoral, ia perder a condição de candidato porque pintou com um giz. Agora este tem uma tinta de fundo, tem uma tinta de PVA em cima, nas árvores, na frente do IBAMA, principal avenida de Porto Alegre e ninguém sabe de nada, ninguém viu.

Na Av. Felipe de Oliveira, Ver. Dilamar Machado, o DMLU, no ano passado, pregou instruções sobre limpeza, pregou uma placa de metal nas árvores da Av. Felipe de Oliveira. Fiz a denúncia, foram lá e tiraram. A árvore na frente da rodoviária foi cortada, aquela árvore grande, bonita que tinha lá. Passem por lá, vocês vão ver, não tem mais, tiraram. Os hoteleiros na frente da rodoviária receberam uma intimação da SMOV de que em 48 horas tinham que retirar, da frente dos seus hotéis, as árvores, um monumento, que é um bem tombado por Porto Alegre, e os estacionamentos, e quem assinou foi um fiscal da SMOV. Tem que tirar em 48 horas. Trouxemos aqui o Secretário dos Transportes Dr. Bertotto, que disse que não era para tirar coisa nenhuma, somente uma, aquela lá. Já tiraram também.

Então, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu acho que o Dr. Tarso é nosso amigo, o Dr. Caron, excelente pessoa, mas é um desrespeito a esta Casa a forma como respondem as coisas, de forma mentirosa. Mas então ele não sabe – um mês e tanto – que evitam que as pessoas desçam na Av. Lucas de Oliveira e continuem pela Lucas e desviem o trânsito para a Av. Vicente da Fontoura, que tem um metro e meio. Estão aqui as fotografias, já mandei fotos, já mandei tudo. Aí os editais vêm todos errados, não dizem se vão consertar ou não vão. Me enganei, é, daí? E os outros? Será que eu e os Vereadores vamos ter que ficar cuidando um por um? E mandaram uma folha escrita à mão, com erro de português, assinado pelo Diretor Administrativo e de acordo com o nosso Diretor-Geral Luiz Caron? Eu acho que as pessoas não entenderam ainda qual o motivo da existência da Câmara de Vereadores! Porque vai qualquer coisa, tudo bem, vai na valsa, e a gente, que tem uma certa responsabilidade, que tem um certo conhecimento do que ocorre na Prefeitura, só pode ficar extremamente triste com esse descaso com esta Casa como ocorre neste momento. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE (Mário Fraga): O Ver. Dilamar Machado está com a palavra.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores. O Presidente da Casa comunica que na segunda quinzena de fevereiro a Câmara Municipal, juntamente com o governo do Estado e, acho eu, com a Prefeitura Municipal, realizam seminários sobre problemas de Porto Alegre, nesta Casa. Acho a oportunidade excelente. Atendendo o pedido da Mesa, em ofício do Ver. Isaac Ainhorn, já encaminhei a S. Exa. a minha sugestão, como Vereador da Cidade, para um tema a ser debatido nesta Casa: vamos salvar o centro de Porto Alegre antes que apodreça de vez, antes que desapareça, antes que se torne tão esclerosado que nem as dez futuras administrações possam salvá-lo. A idéia toma corpo, atualmente, no momento em que se tira do Departamento Estadual de Portos, Rios e Canais uma importância história que esse Departamento teve quando Porto Alegre era, efetivamente, um porto. A origem do nome da Cidade está no porto, que era alegre, muito movimentado, grandes navios atracavam no cais do porto. Hoje, Ver. João Dib, não há mais calado, sequer para atracarem navios de grande porte. Na parte central do nosso porto, os navios estão se deslocando para o cais Navegantes, onde o calado ainda é tecnicamente aceitável para as grandes embarcações. Os armazéns do cais do porto, transformam-se, ao longo dos anos, em depósitos de supermercados, em depósitos de outros órgãos e, nada contra, em pavilhões para montagem de carros alegóricos, como ocorre atualmente no período de carnaval, o que é socialmente certo e muito justo para as nossas escolas de samba. Mas, por que não aproveitar aquela faixa portuária – a nossa Avenida Mauá, hoje partida pelo muro e transformar aquele ponto da Cidade num grande ponto de atrações turísticas como ocorre em grandes metrópoles como Nova Iorque, Amsterdam, Buenos Aires, que procuram, efetivamente, oferecer aos seus moradores uma vida de qualidade? Hoje, morar na Salgado Filho, na Borges de Medeiros, transitar pela Vigário José Inácio, pela Mar. Floriano é, Ver. Dib, uma tristeza. Isso é totalmente inaceitável! O Centro da Cidade, a partir do fim da tarde, se transforma numa praça de guerra; é impossível a uma pessoa de bem transitar por ali sem o risco de um assalto, de um assassinato. Prostitutas, homossexuais, assaltantes, trombadinhas, desocupados, bêbados, o Centro da Cidade é, hoje, um valhacouto, e não há nenhuma providência no sentido de melhorá-lo. A retirada dos terminais de ônibus da Salgado Filho se impõe. Há quatro anos eu esbravejo nesse sentido, e o que me dói, Ver. Dib, é que eu não vejo a Administração do Partido dos Trabalhadores dizer uma palavra sobre isso.

Aliás, quando deixei o Governo do Estado no final de 1994, a FEPAM aguardava, e aguardou durante todo o ano passado, e creio que vá aguardar por todo este ano, uma autorização da Prefeitura para fazer a medição do índice de poluição da Salgado Filho. A Legislação exige, para que a Fundação Estadual de Proteção ao Ambiente instale, ali, equipamentos técnicos capazes de aferir o índice de poluição, uma autorização da Prefeitura. A Prefeitura não autoriza a aferição por uma razão flagrante: aquele trecho é, sob o ponto de vista urbanístico, o trecho mais poluído da Cidade de Porto Alegre. A Salgado Filho já foi uma das mais belas avenidas desta Cidade; era o nosso “boulevard”, a nossa “Champs Elisées”, cartão postal da década de 50 em Porto Alegre. Aliás, exatamente por essa razão, a Av. Salgado Filho explodiu em construções, sendo, hoje, um paredão enorme de prédios residenciais que abrigam aproximadamente dez mil moradores, a maioria pessoas de classe média alta, vindas do interior. Vieram buscando qualidade de vida e têm, hoje, um ambiente poluído sonoramente, atmosfericamente, visualmente e socialmente, de tal modo que a Salgado Filho é, hoje, um dos pontos mais feios de Porto Alegre.

O aproveitamento da faixa portuária implicaria: primeiro, a retirada dos terminais de ônibus e lotações da Salgado Filho e o seu deslocamento para a Av. Mauá. Há um túnel ligando a Av. Mauá com o Mercado Público, que é o túnel do TRENSURB, que pode ser iluminado, pode haver segurança absoluta e a população se deslocar com muito mais facilidade para ter acesso ao centro da Cidade, aos locais de trabalho, às compras ou a serviço que venham prestar no centro de Porto Alegre.

Os armazéns do porto poderiam servir. Um deles pode abrigar de uma só vez todos os camelôs que estão no centro. Dois deles abrigariam todos e mais aqueles que estão se espalhando pelos bairros. Porque, hoje, camelôs vendendo bugigangas contrabandeada do Paraguai ou da China nascem como plantas, a gente dobra uma esquina pela manhã, e na manhã seguinte já existe uma tenda vendendo brinquedos, pilhas, bonecos, estes artigos importados, contrabandeados via Paraguai.

Então, na realidade, parece um tema interessante, apaixonante e que hoje está facilitado pelo deslocamento do DEPRC para Rio Grande, na transformação do DEPRC em outra entidade e pela flagrante falta de aproveitamento do Cais do Porto de Porto Alegre. É possível, inclusive, manter a operação portuária ali; a cem metros daquele local se pode implantar um novo terminal de ônibus que seria, pelo menos é a minha idéia, sugestão, um terminal para os ônibus que vêm de Gravataí, Viamão, Canoas, deslocando-se os da Salgado Filho e da Borges de Medeiros para outros pontos.

Recuperar o centro de Porto Alegre é uma tarefa que pode ser feita, porque ele teve algumas alterações. Uma, que considero inadequada, mas na época que foi feita era adequada, é a interrupção de trânsito na Av. Borges de Medeiros. Fecharam o trânsito e, com isso, mataram a Rua da Praia e os pontos de atração turística da Cidade. .

Quando vim do interior, lia a Revista do Globo, via fotografias da Rua da Praia iluminada à noite, e era um sonho, como menino do interior do Estado, transitar pela Rua da Praia, como transitei na minha adolescência, mocidade, como um ponto fantástico, bonito, cheio de cinemas, bares. Hoje, a Rua da Praia é pobre, triste, malfreqüentada, tem um comércio decadente, é uma rua perigosa, impraticável para a noite. Fico pensando como será essa Rua 24 Horas nesse cenário, nesse ambiente. Será um ponto em que as famílias poderão se deslocar à noite para aproveitar as 24 horas da rua? Não será. Com essa infra-estrutura no entorno, não será. Será, isso sim, mais um ponto perigoso, um ponto de assaltos, um ponto deteriorado da Cidade de Porto Alegre.

Então, gostaria de ter, no momento em que se abrir esse seminário, a participação dos companheiros Vereadores de todas as bancadas para que possamos em conjunto prestar, efetivamente, um serviço à Cidade de Porto Alegre, salvar o centro de Porto Alegre. Onde está o Orçamento Participativo? O centro não existe para o Orçamento Participativo? Não haverá um grupo de delegados da região central de Porto Alegre neste Orçamento Participativo que nos manda um exemplar elaborado com tanta fineza, com tanta arte gráfica, com tantas cores, com capa dura, com papel de primeira qualidade, fotografias coloridas? Eu nunca vi um Governo fazer uma prestação de contas num material tão bonito! É uma obra de arte do Orçamento Participativo, que é um órgão que inexiste oficialmente. Quem pagou aquilo ali, Ver. João Dib? Evidentemente que o contribuinte, através do gabinete de imprensa do Prefeito de Porto Alegre. Campanha eleitoral, trabalho político, busca de votos, mas onde está o Orçamento Participativo, que nunca passou na Salgado Filho e nunca passou no Largo do Mercado? O Largo Glênio Peres é outro negócio abandonado que só é usado, eventualmente, para “shows” caríssimos, pagos pela Prefeitura em esquemas políticos.

Então, faço um apelo aos Vereadores de Porto Alegre par que aproveitemos esse seminário. Vamos iniciar a salvar o centro da Cidade antes que ele desapareça definitivamente da geografia de Porto Alegre. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Ver. Darci Campani, é para V. Exa. que vou falar.

Salgado Filho. Eu reitero a minha disposição de encontrar uma solução para a retirada dos ônibus desde que me dêem a planta de situação de todas as paradas dos ônibus na Salgado Filho. A Secretaria Municipal de Transportes tem “ouvidos de mercador” quando se trata do Ver. João Dib, que foi lá Secretário por duas vezes. Há alguns dias atrás eu reclamei a violência, a barbaridade, a estupidez, a insanidade de dois motoristas de lotação. Os dois na esquina da Silva Jardim com a Plínio Brasil Milano, com o sinal fechado, passaram o sinal na contramão – lotações 493 e 503 – e eu, como estava esperando, fui premiado por contribuintes desta Cidade que me perguntaram o que aconteceria sobre isso. Eu lhes disse que falaria com a Secretaria de Transportes. Falei com o Sr. Gil, que ficou de me dar retorno e até hoje não fiquei sabendo de nada, como também o ilustrado Luiz Carlos Bertotto, que prometeu que faria as paradas de lotação na 24 de outubro e na Protásio Alves, que continua fazendo apenas promessas. Palavra de Luiz Carlos Bertotto e risco n’água é a mesma coisa: desaparece depois de pronunciada e desaparece depois de riscado.

Tenho aqui um Pedido de Informação, que fiz ao Prefeito desta Cidade, que agora estará muito bem informado, com o Dr. Rogério Favretto, que entende tudo de contratar lotação e outros serviços, como fazer a campanha do Montepio, num interesse da sua facção, contratou camionetes em Canoas, sem licitação, isso ele entende. O Dr. Rogério Favretto sabe tudo isso, mas de Lei Orgânica ele não sabe nada, até porque no caso do edifício da Rua dos Andradas o brilhantismo, que deve caracterizá-lo – ele deveria estar pintado com uma tinta brilhante, o sol bateu e ele refletiu o brilhantismo – dizia que o art. 12 da Lei Orgânica dispensava autorização legislativa. Isso está escrito em entrevista publicada pelo Gabinete de Imprensa da Prefeitura com o Dr. Rogério Favretto dizendo essa enormidade, essa barbaridade, quando o art. 12 está no capítulo de bens e imóveis do Município. Ora, o Município não haveria de querer adquirir seus próprios bens, só na cabeça dos “favrettos” desta Cidade, o que nos faz esperar muita coisa séria. Fiz um Pedido de Informações, pois eu não vou mais fazer denúncias, porque fazendo denúncias eu me atrapalho e não acontece nada, vou me restringir àquelas que já fiz. Sobre aquelas denúncias eu vou continuar falando: ed. Rua da Praia, eu já pedi e quero ver onde está a ata autorizativa do Orçamento Participativo para esse investimento. Investimento esse que teve que demolir o prédio internamente e dizem ele que é bom. Mas eu quero saber. Mas o outro investimento é muito maior, mais sério, mais criminoso, perigoso, duvidoso: vinte milhões de reais utilizados pelo DEMHAB para a aquisição do Jardim Leopoldina. E o Prefeito, que deveria ter o Sr. Rogério Favretto à disposição lá, pediu prorrogação de prazo para que pudesse responder.

Com referência aos Pedidos de Informações 168, 173, 174, 175: “Considerando a necessidade de realização de detalhado levantamento, bem como a complexidade da matéria questionada, esclareço que serão utilizados os 15 dias da prorrogação, conforme expõe o inciso 8º do art. 94 da Lei Orgânica do Município”. É por isso que eu estou falando em Lei Orgânica, porque o Prefeito hoje de manhã dizia que a Lei Orgânica é tudo no Município. Mas só para a Câmara, para ele não, para seus asseclas não, para seus “favrettos” não. Era tão complexa a matéria que ele tinha que pedir para dizer o seguinte: o processo Conjunto Residencial Jardim Leopoldina II foi aprovado pela Lei nº 7493 e pela Resolução do Senado Federal 2995. “Destarte, não há necessidade de submetê-lo ao órgão colegiado do departamento, nos termos da Lei 2902/95, pois existiu lei especial autorizativa”. Agora, a Lei 2902 diz que tudo que se tratar de financiamento, aquisição, de venda, de investimento, compra, tem que passar pelo Conselho Deliberativo. O que é absolutamente correto, mas para a administração prefeitural a Lei Orgânica só interessa quando é para tomar o dinheiro dos servidores municipais, ou para tirar o dinheiro do povo para comprar edifício, sem passar pelo Orçamento Participativo, que diz estar na Lei Orgânica, aí diz respeito. Enfim, tudo isso acontece porque temos sido complacentes com a Administração Municipal, mas neste caso foram 20 milhões de reais. Vou até admitir que por ter Lei Municipal não fosse necessária a audiência e anuência do Conselho Deliberativo. Mas para que o Projeto de Lei fosse encaminhado à Casa, nem um “Favretto” da vida vai dizer que não deveria no mínimo ter a aprovação para que o projeto fosse encaminhado. Porque não é da atribuição do DEMHAB resolver problemas das pessoas que invadiram o apartamento e empresas que estavam concordatárias ou falidas e que agora ressurgem.

A missão do DEMHAB é dar habitação, cuidar que não haja deslizamentos nos morros, cuidar das subabitações que estão lá localizando. Até por que comecei a minha vida pública no setor municipal do Serviço de Habitação Popular, hoje, DEMHAB famoso que está sendo transferido, vai receber sede nova – o que acho absolutamente correto, porque aquela lá já estava em perigo -, mas 20 milhões de reais para fazer uma coisa que não era atribuição do Departamento Municipal de Habitação, sem autorização, sem a consciência do Conselho Deliberativo, só porque somos camaradas com a administração! Imagino, se fosse eu ou o Pref. Alceu Collares quem fizesse uma atribuição dessas, no mínimo teriam pedido a prisão perpétua. Agora, 20 milhões de reais não passaram no Conselho Deliberativo, assim como não me explicaram aquela da Rua Banco Inglês, que o decreto de desapropriação dizia que era urgente. Eu nunca tinha visto isso num decreto. Eu assinei montanhas de decretos, como Secretário do governo e como Prefeito, como Secretário de Obras – assinei uma quantidade imensa de decretos, e nunca tinha visto isso. O decreto foi lançado no dia 04 de junho e no dia 08 ou 10 de outubro todas as obras estavam prontas e Marsiaj Oliveira tinha encontrado algumas soluções para os problemas, enquanto nós estávamos aqui, autorizando a venda de terrenos que a Prefeitura dizia que sobravam. Na Rua Banco Inglês também deve ter funcionário da Marsiaj Oliveira. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, eu tenho a viva esperança que a chuva dessa noite – e vários bairros de Porto Alegre já começam ter problemas na sua rede de drenagem – tenha realimentado os reservatórios do Departamento Municipal de Água e Esgotos para que a Cidade de Porto Alegre possa ter normalizado o fornecimento de água potável que durante todo este janeiro de 1996 tem-se caracterizado numa sucessão interminável de dias em que falta água em uma área da Cidade de Porto Alegre. As alegações são as mais diversas, Ver. Mário Fraga. Ora, se gastam somas enormes para dar explicação nos jornais de como trocar uma rede de esgoto na Zona Norte. Uma rede é trocada no mês de janeiro, quando ela poderia ser trocada no mês de novembro, ou poderá ser no mês de março, abril, fora do período crítico, em que toda a Cidade consome maior quantidade de água potável. Logo depois se apresentam afirmações de que houve defeito técnico em uma rede qualquer. Mas o que existe, Ver. João Dib, é que o seu DMAE, aquele DMAE que V. Exa. dirigiu por mais de uma vez com tanto zelo, não consegue, nesse ano de 1996, manter, com a continuidade devida, abastecida a Cidade de Porto Alegre. A toda semana, a todo dia surge uma justificativa qualquer e se interrompe o fornecimento de água numa área de Porto Alegre. Ontem, no Jardim Sabará, eu tenho amigos que moram ali, suspenderam uma visita, nós havíamos combinado uma reunião social e a esposa do meu amigo telefonou constrangida para a minha esposa dizendo que não conseguia receber-nos em sua casa porque estava fazendo três dias que o abastecimento de água estava interrompido e que ela não conseguia sequer limpar sua casa e que estava tendo dificuldades até com a preparação de alimentos; a água consumida em casa era a água mineral. Além de terem ficado 72 horas sem água não tiveram o menor aviso para essa interrupção do fornecimento; ligando para o DMAE não encontraram uma justificativa para esse fato. Eles alegavam que deveria ter um problema na rede e que estavam trabalhando para detectar esse problema. Mas a verdade é que estavam há três dias sem água potável, ali no Jardim Sabará, na Rua Platão, esquina com a Louvre – estou dando o endereço para não dizerem que estou inventando. Esse fato ocorre ora na Vila Santa Rosa, ora no Parque dos Maias, no Rubem Berta, no chamado Beco da Fumaça, como ocorre no outro lado da Cidade, no Rincão, no Belém Velho, na Lomba do Pinheiro. Parece até que é uma combinação: “olha, hoje tu corta aqui e coloca do outro lado que nós vamos dar um socorro”.

Então, quero denunciar categoricamente: o DMAE entrou em crise, não tem condições de manter, pelo menos nesse mês de janeiro, abastecida a Cidade de Porto Alegre com água potável. Isso é mais do que uma emergência, é caso de calamidade pública.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador). No entanto, a administração prefeitural continua gastando o dinheiro do povo dizendo, como se fosse fato novo, que 98% da população tem água tratada como se isso acontecesse só na administração petista e não antes.

Eventualmente, havia fugas de água, como acontecia na Sertório, onde trocamos toda a canalização e não tínhamos o problema de ter que pedir para a população evitar o consumo de água.

A partir de 1975, fizemos um estudo para ampliação da capacidade de tratamento da Hidráulica que teve continuidade com o Dr. Alceu Collares, Olívio Dutra, Tarso Genro e está tendo continuidade agora, mas fomos nós que começamos, dando condições de distribuir água a mais gente sem a necessidade de tanto apelo para a população.

 

O SR. REGINALDO PUJOL: Acho que, nesse momento, tenho que me socorrer daquele grande engenheiro, que o Município de Porto Alegre conheceu, que era o Engº Lázaro Bonn que dizia, de uma forma muito especial de pronunciar as palavras, que ele se negava a colocar cano de rede d’água naqueles lugares onde ele, tecnicamente, não tivesse condição de garantir o fornecimento de água, porque isso seria iludir a população.

Então, Sr. Presidente, eu diria que Porto Alegre hoje, lamentavelmente, tem 98% da sua extensão territorial urbana com rede de água estendida até as residências, o que não equivale dizer que a água esteja chegando nas residências. Me parece que o DMAE esgotou sua capacidade de fornecer água e dentro dessa política do “oba-oba” do Orçamento Participativo, das soluções miraculosas, do Cidade Viva, da propaganda enganosa que o CONAR tinha que tomar conhecimento disso. Aumenta o IPTU barbaramente, gasta milhões na televisão para dizer que nós vamos pagar 20% a menos de IPTU se pagarmos até o dia 31 de janeiro. Eu não vejo que vantagem estão me dando. Eles aumentam não sei quantos por cento e depois dão 20% de desconto. Ora, Sr. Presidente, por muito menos do que isso as entidades médicas e outras entidades acionaram o CONAR para que retirassem do ar algumas peças publicitárias entendidas como enganosas. Enganosa é essa propaganda da Administração Popular que insiste em assim se autodenominar, porque todas as rádios de Porto Alegre e emissoras de televisão abriram espaços nobres novos de propagandas caríssimas da Administração Municipal, e esse Ministério Público que coíbe tanta coisa neste País não faz nada a esse respeito. E continua esse clima de calamidade que estamos vivendo, em que o Município foge de suas mais elementares, responsabilidades enganando a população, vendendo a idéia de que estamos numa Cidade maravilhosa, em que os serviços públicos básicos são garantidos, quando esses não o são.

Já foi dito na Sessão de hoje que Porto Alegre tem um Centro catastrófico, a partir do anoitecer. Tem na sua periferia problemas que vão desde o abastecimento de água, até a confusão enorme no trânsito da Cidade, tendo o seu problema habitacional relegado a discurso pura e simplesmente, porque não criam alternativas habitacionais há muito tempo. A produção de habitações nessa Cidade, Ver. João Dib, V. Exa. que já fez parte de administrações, inclusive dirigiu uma, quando se mantinha uma média de mais de mil unidades de oferta por ano, hoje não chegam a duzentas, se olhar o conjunto da Administração Popular. Essa Administração não tem nada de Popular. Que Popular é essa que não atende às necessidades mínimas da comunidade, não cria alternativas habitacionais, não leva a rede de abastecimento de água e cria, pela sua ação mal planejada, novos focos de inundação na cidade de Porto Alegre.

Nos mais de quarenta anos que moro em Porto Alegre nunca vi inundar determinadas áreas, como tem ocorrido agora. Então não resolveram antigos problemas, apesar de gastarem trilhões de cruzeiros para dizer que investiram forte no saneamento e ainda ensejaram, por uma execução mal planejada de determinadas obras, em lugares onde deveria ser antes lançada a rede de drenagem, para depois fazer obras de pavimentações. Criaram outras fontes, em outros pontos de alagamentos, fazendo um inferno na vida de Porto Alegre. Se chove as ruas ficam alagadas, e as pessoas não podem andar na Cidade. Se não chove, faz calor, o povo não tem água para beber. Enfim, nós estamos no caos e a Administração Popular continua a gastar mundos e fundos com o dinheiro que extorquiu da população com a cobrança extorsiva do Imposto Predial – valores imensos – nas rádios e televisões da Cidade a fazer esta propaganda enganosa que está se transformando numa verdadeira lavagem cerebral no povo desta Cidade. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador).

 

(Encerra-se a Reunião às 11h27min).

 

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